Afirma Abbas. Estados Unidos são o único país que pode evitar uma "catástrofe" em Rafah

por Cristina Sambado - RTP
Anadolu via AFP

O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, apelou este domingo aos Estados Unidos para que impeçam uma invasão israelita da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, devastada pela guerra.

"Apelamos aos Estados Unidos para que peçam a Israel que pare a operação de Rafah, porque é o único país capaz de impedir Israel de cometer este crime", afirmou Abbas numa cimeira na Arábia Saudita, afirmando que tal operação, anunciada por responsáveis israelitas, seria "o maior desastre na história do povo palestiniano".
Israel lançou a sua ofensiva em Gaza depois de o Hamas ter liderado um ataque ao sul de Israel em 7 de outubro, no qual Israel disse que 1.200 pessoas foram mortas e 253 foram feitas reféns. Mais de 150 pessoas foram sequestradas e 129 permanecem cativas. 
O presidente da Autoridade Palestiniana está em Riade a participar na reunião extraordinária do Fórum Económico Mundial (FEM), que decorre até segunda-feira, que vai debater a situação no Médio Oriente, especialmente a guerra lançada por Israel na Faixa de Gaza.

Além de Mahmoud Abbas, o Fórum Económico Mundial recebe também os ministros dos Negócios Estrangeiros de França, Alemanha e Reino Unido, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, assim como os primeiros-ministros do Catar, Jordânia, Egito e Iraque.

A reunião do Fórum Económico Mundial, dedicada à adaptação às alterações climáticas e à transição energética, contará com a presença de alguns dos principais intervenientes nos esforços para travar o conflito em Gaza, como o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken.

O presidente do FEM, Borge Brende, afirmou no sábado que Blinken iria à Arábia Saudita "imediatamente após as suas visitas à China e antes de ir a Israel" e o departamento de Estado confirmou que o chefe da diplomacia dos EUA estará segunda e terça-feira na Arábia saudita.

O secretário de Estado norte-americano "enfatizará a importância de evitar uma expansão regional" da guerra lançada por Israel na Faixa de Gaza depois do ataque em território israelita do grupo islamita palestiniano Hamas, de 7 de outubro, lê-se num comunicado divulgado pelo Departamento de Estado dos EUA.Antony Blinken pretende "discutir formas de alcançar uma paz duradoura na região, inclusive através de um caminho para um Estado palestiniano independente acompanhado de garantias de segurança para Israel".

O secretário de Estado norte-americano vai ainda discutir "os esforços em curso para conseguir um cessar-fogo em Gaza que permita a libertação dos reféns".

Esta será a quinta visita de Blinken à Arábia Saudita desde 7 de outubro, mas a primeira desde os ataques recíprocos entre Israel e Irão este mês.

A Arábia Saudita e Israel avaliavam, antes da guerra na Faixa de Gaza, a possibilidade de normalizar as relações. Os EUA esperam poder reavivar essa perspetiva para encorajar o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a atuar com contenção para evitar uma expansão regional do conflito.
Intensificam-se os esforços para uma trégua em Gaza
Os esforços diplomáticos para conseguir uma trégua nos combates em Gaza, combinados com a libertação de reféns, intensificaram-se este domingo, numa altura em que o Hamas estudava uma contraproposta israelita para um cessar-fogo no território palestiniano sitiado e ameaçado pela fome.
Israel prometeu acabar com o movimento Hamas e lançou uma ofensiva, que matou 34.454 palestinianos, segundo o Ministério da Saúde, controlado pelo Hamas.
Quase sete meses após o início da guerra, o exército israelita afirmou ter atingido "dezenas de alvos terroristas" no centro de Gaza.

Ao mesmo tempo, prepara-se para lançar uma ofensiva terrestre em Rafah, onde estão amontoados um milhão e meio de palestinianos, na sua maioria pessoas deslocadas. Muitas capitais e organizações humanitárias temem um banho de sangue nesta cidade, que já é regularmente bombardeada pelo exército israelita.

Entretanto, a pressão interna sobre o governo de Benjamin Netanyahu continua a aumentar. No sábado à noite, milhares de pessoas reuniram-se em Telavive para exigir a libertação dos reféns raptados a 7 de outubro.
"Os manifestantes gritavam "Um acordo, já! no sábado à noite, enquanto pediam a demissão do governo de Netanyahu. Hamas está a “estudar” contraproposta israelita
As negociações diplomáticas decorrem numa altura em que o Hamas diz estar a "estudar" uma contraproposta israelita de trégua, combinada com a libertação dos reféns. O movimento islamita, que está no poder em Gaza desde 2007, afirmou no sábado que "apresentaria a sua resposta assim que o estudo estivesse concluído".

Os pormenores da contraproposta não foram divulgados, mas segundo o site Axios, que cita responsáveis israelitas, inclui a vontade de discutir "o estabelecimento de uma calma duradoura" em Gaza.

Uma delegação do Hamas vai visitar o Cairo na segunda-feira para conversações sobre o cessar-fogo em Gaza, avançou à Reuters um funcionário do Hamas que pediu para não ser identificado, acrescentando que a delegação vai discutir uma proposta de cessar-fogo oferecida pelos mediadores, bem como a resposta de Israel.

c/agências
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